sexta-feira, 20 de maio de 2016

MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In: BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia. (Org.) Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. P. 83-102.


Resenhado por: Adrielle Martins[1]
Eniê Miranda
Mariquel Dourado
Mônica Barros
Priscila Rocha

O artigo “A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor?” de Ivanda Martins, faz parte do livro “Português no ensino médio e formação do professor” organizado por Clécio Bunzen e outras autoras. É dividido em sete pontos, em que a autora problematiza e questiona o ensino de Literatura no ensino médio regular.
No quesito um, intitulado Leitura da literatura e ensino da literatura, Martins trás as principais problemáticas referentes ao ensino da literatura e o motivo da mesma não despertar o interesse pela leitura nos estudantes. Excetuando o trocadilho, ela trás reflexões profundas à cerca do que falta para auxiliar essa prática pedagógica no âmbito educacional. Um desses questionamentos é o fato de, na maioria dos casos, a escola fazer uso da literatura apenas como pretexto para a aprendizagem de outras disciplinas, como noções de gramática, por exemplo.
            Ela sinaliza para a diferença entre leitura da literatura e ensino da literatura, usando concepções de Beach e Marshall (1991), em que a primeira expressão estaria relacionada “à compreensão do texto, à experiência literária vivenciada pelo leitor no ato da leitura”, ao passo que a segunda “configura-se como o estudo da obra literária, tendo em vista a sua organização estética”. A autora deixa transparecer que esses dois conceitos estão intimamente ligados e, que para um bom funcionamento da prática pedagógica na literatura é fundamental que um não deve existir sem o outro.
No quesito 2, Leitura, literatura e interdisciplinaridade, Ivanda Martins sinaliza para a necessidade de interdisciplinar a leitura à todas as áreas do conhecimento, pois a importância da mesma é de suma relevância para se compreender aspectos sociais, culturais e demais campos do saber científico. Concebe também de grande valor considerar as condições de produção dos textos e de suas leituras. A autora relata ainda o fato de que uma abordagem da literatura levando em conta aspectos como intertextualidade, interdisciplinaridade, transversalidade e intersemiose contribuem grandemente para que o aluno construa opiniões críticas a cerca de textos literários.
No quesito 3, Martins problematiza A escolarização da leitura literária e diz que a mesma é dividida em dois tipos, a que é condizente e eficaz às práticas de leitura e a que não contribui e, às vezes, chega a afastar o estudante dos fenômenos literários por não permitir uma abordagem crítica e que, em contrapartida, preza somente por questões estruturais e gramaticais,  distanciando-os de uma escolarização literária adequada. Nesse tópico, ela propõe uma reavaliação dos métodos de ensino da literatura e sugere que a mesma seja trabalhada de forma lúdica e que seja considerada também a realidade e bagagem de vida dos sujeitos aprendentes das leituras literárias.
No tópico quatro, Literatura e escola: relação marcada por mitos, a autora aponta que o ensino de literatura é marcado por mitos que às vezes distanciam os estudantes das obras literárias por eles considerarem de difícil acesso, tanto pela linguagem, quanto pelo excesso de textos fragmentados dos livros didáticos e pela seleção de obras canônicas não compatíveis com a realidade que o aluno está inserido. Ela resume que as disseminações desses mitos propagam perspectivas ideológicas preconceituosas que distanciam, mais uma vez, os sujeitos leitores.
Na questão cinco, a problematização se dá em função do Ensino da literatura e novas tecnologias: qual o papel da escola? Ivanda Martins diz que:
(...) com o advento da internet, tanto a leitura literária como outras práticas de leitura e de escrita estão assumindo novas funções, ou seja, estamos, aos poucos ajustando nossas estratégias comunicativas e interativas.( MARTINS, 2006)
E essa questão precisa ser elencada, pois a internet possibilitou muitos avanços e forneceu subsídios para complementar os estudos, porém, precisa ser usada com moderação sendo necessário adequá-la a educação e não o contrário acontecer. Para isso, é importante que a escola elabore estratégias eficazes visando à inserção da tecnologia à vida do leitor internauta de forma positiva, como se diz, “juntar o útil ao agradável”.
              E, finalmente, nos quesitos 6 e 7, a autora apresenta sugestões metodológicas para os docentes reavaliarem suas práticas pedagógicas, no intuito de estabelecer essa conexão entre a leitura literária, a intertextualidade, as novas tecnologias e a escolarização da mesma. Ela propõe técnicas possíveis e reflexões, tendo em vista a diminuição da distância entre teoria e prática e, claro, trazendo as contribuições da teoria literária, para atrelar à escolarização da literatura de forma dinâmica e construtiva, que não privilegie apenas a história da literatura, mas a catarse que a mesma é capaz de proporcionar.
Em síntese, a escassez da prática da leitura de textos literários tem se tornado uma preocupação, acredita-se que essa escassez ocorre devido às lacunas deixadas pela falta de abordagens diversificadas, que façam com que o aluno desenvolva uma compreensão do que seja este fenômeno chamado literatura. Toda esta problemática tem tornado a aplicação de conteúdos literários cada vez mais difícil, pois isso tem feito com que os alunos considerem a literatura como uma coisa de outro mundo e de difícil compreensão, o que tem se tornado um verdadeiro mito. Toda essa história de dizer que a literatura é muito difícil tem ocorrido porque por parte da escola há o incentivo de leituras de textos somente canonizados, obras consideradas clássicas, que não condizem com a realidade do aluno e que são aplicadas de forma fragmentada.
O educando deve ser incentivado para que possua maior interesse pelo ensino da literatura e pela leitura literária. Dessa forma, os leitores passarão a valorizar mais esses elementos. E com práticas inovadas e respeito pelo gosto e vontade dos educandos o professor consiga abranger outras obras para as leituras de forma que o aluno possa construir seu “próprio cânone” não estabelecendo a literatura como uma forma de avaliação, mas transformando-se em um leitor crítico, reflexivo e que tem prazer pela leitura. Portanto, o desafio do professor é ajudar o aluno a compreender que os sentidos não estão já dados no texto, mas são construídos a partir do encontro do leitor com o texto. Desta forma, cada leitor possui a autonomia de dá significados possíveis ao texto. 
Além disso, as novas tecnologias também devem ser inseridas no ambiente formal de educação, visto que é algo bastante atrativo aos jovens e, para que a literatura não se perca nesses novos espaços, é necessário que seja pensado como isso pode ser encaixado, de forma que o leitor compreenda que é capaz de produzir vários sentidos diante das diversas leituras que lhes são propostas e possíveis. Pois a literatura é ampla e prazerosa e possibilita uma interpretação diversificada não apenas do que está escrito, mas sim do que pode-se inferir nas leituras, além de possibilitar ao educando entender mais a si mesmo e ao mundo. Assim, compreende-se que a literatura é interdisciplinar e abrange muitos assuntos, pois não é algo limitado e estipulado, mas algo que permite a criatividade do leitor e seu diálogo com outros textos escolhidos.
              Com todas essas questões relatadas por Ivanda Martins em seu artigo, o mesmo é recomendado aos futuros e atuais docentes que se interessem em ensinar de forma eficaz a literatura, para formar cidadãos críticos que pensem além do que está exposto na estrutura do texto, e se atentem para as questões sociais, culturais presentes nas páginas de romances, contos, crônicas, dramas, e demais gêneros textuais existentes.






[1] Graduandas do 4º semestre do Curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ciências e Tecnologias – Campos XVI – Irecê/BA.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Ao discutirmos sobre as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, percebemos o quanto a Literatura tem sido ensinada de forma mecânica, como uma práxis utilitária. Vimos, então, a necessidade de ensinar os alunos a lerem por prazer, por fruição, para além de uma utilidade prática. Segundo essas Orientações, não deve-se ver o estudo da Literatura apenas como memorização das características de momentos literários (escolas literárias) ou para conhecer os autores ditos "canônicos". É necessário entender a Literatura como uma arte que dar conta das questões humanas, que é capaz de sensibilizar as pessoas. Além disso, ela proporciona o desenvolvimento da capacidade comunicativa e de reflexão crítica dos alunos. Portanto, os textos literários, mais do que um desfrute (só prazer), podem proporcionar uma fruição estética, ou seja, o conhecimento (dos recursos utilizados, etc.) e o prazer.